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Mundos da Lusofonia
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- Publicado em 03-04-2014
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Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.
Clarice Lispector
A língua portuguesa é uma das mais faladas do mundo.
Com a língua, há todo um universo partilhado de modos de ser e de estar, vivências acumuladas no sedimento de sentidos que as palavras captam: «A nossa língua comum foi construída por laços antigos, tão antigos que por vezes lhes perdemos o rastro».[1]
Mas também é longa a distância. Só muito enganadoramente poderemos pensar que sabemos o que é ser brasileiro, angolano, moçambicano, cabo-verdiano, guineense, timorense ou são-tomense porque partilhamos a mesma língua. Será a mesma língua, mas nem sempre as mesmas palavras e estas nem sempre sedimentaram o mesmo sentido. Porque «o que nos faz ser pessoa não é o Bilhete de Identidade. O que nos faz pessoas é aquilo não cabe no bilhete de identidade».[1]
A literatura de cada um destes países expressa esses outros universos de vida que nos são, por vezes, tão distantes.
Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Cora Coralina