Boletim n.º 62 da BECP - Portugal

Costuma dizer-se que Portugal é um país tradicionalista. Nada mais falso. A continuidade opera-se ou salvaguarda-se pela inércia ou instinto de conservação social, entre nós como em toda a parte, mas a tradição não é essa continuidade, é a assunção inovadora do adquirido, o diálogo ou combate no interior dos seus muros, sobretudo uma filiação interior criadora, fenómeno entre todos raro e insólito na cultura portuguesa. É a inserção do alígeno ou alógeno no processo da produção nacional que constitui a norma e institui o seu autor no papel de criador que nós entendemos sempre a invenção do mundo a partir de nada. Do nada que nos anteceda.

Lourenço, E. (1991). O labirinto da saudade (4.ª ed.). Lisboa: D. Quixote, pp. 76-77.

 

 


Colabore
Livros!
Loja!